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O Cão

Posted by MissBruno on 13:44

A ligação no dia recém-amanhecido. A entrada de supetão no escuro, o despertar em um susto, a inquietação na voz do outro lado da linha. “Mariana? Você está ouvindo?” - ela me perguntava. Com os olhos agora bem abertos, assimilava o entorno, focava. “Preste atenção”, ela recomeçou, “preste atenção”.

Olhei para quem me estendeu o telefone, a preocupação lhe percorria a face. As mãos, trêmulas, pressionavam o aparelho contra meu ouvido. A angústia de saber que algo ruim havia passado, mas aguardar a confirmação.

“O seu pai está bem”. Essas cinco palavras foram suficientes para libertar o medo que antes hesitava em se manifestar. O que aconteceu? Quando dei por mim já não estava mais no quarto. Sentada, encolhida na poltrona, questionava e esperava a resposta. “Fique calma. O seu pai está bem”.

A mente estava longe, numerando cada possível acontecimento, situando o sujeito e detalhando as margens de erro – ele estava viajando. “Sua madrasta ligou agora há pouco, eles sofreram um acidente na estrada”. Esse dia chegaria, era somente questão de tempo. A irresponsabilidade tem seu dia de cobrança.

O que aconteceu? O que aconteceu? “Eles estão em Presidente Prudente. Estava chovendo na estrada e seu pai bateu o carro quando foi desviar”. O que aconteceu? A urgência deixou tudo programado: sabia qual roupa vestir, a localização das chaves do carro e quantos minutos demoraria em sair de casa. O que aconteceu? Senti a camiseta molhada.

“O carro capotou e...”

O que aconteceu?

“Você sabe que seu pai não usa cinto e...”

A respiração me falhava. O que aconteceu?

“O carro capotou e ele foi atirado para fora, abriu a cabeça. Ele está internado”.

“Não, filha, não. Ela pediu para não ligar para lá. Não, você não vai até lá, seus tios já chegaram. Filha, fique calma”.

A impotência da distância, a ineficácia do plano. O que aconteceu? O cão.


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O Que É Crescer

Posted by MissBruno on 07:01

Ainda, aos vinte anos, o questionamento continua. Mas, afinal, o que é crescer? Aceitar que tudo o que compôs seu mundo infantil não tem espaço na vida adulta e seguir em frente? Bem que meu pai gostaria que eu fosse adepta deste pensamento.

É curioso como o cotidiano dá a impressão de amadurecimento. Faculdade, estudo, trabalho, responsabilidades – há semanas em que me pego tentando lembrar o que comi no almoço. Tudo isto faz distanciar da rotina despreocupada dos mais jovens.

Foi a decisão tomada há mais de uma semana que mudou a perspectiva: no sábado, um dos poucos em que não tive que acordar cedo, retirei o livro da pilha bagunçada. Na capa, a letra com o título cintilante, o garoto britânico de olhos azuis e cabelos negros que eu tanto conhecia: um velho companheiro.

Como o fechar de um ciclo, e depois de iniciar e parar a leitura incontáveis vezes, eu finalmente saberia o final da história que acompanhou toda minha vida. E achava estar preparada para isso.

Agora, largada no sofá devorando as páginas, eu volto a ser a garotinha de sete anos que, deitada em sua cama, ouvia atentamente a voz da mãe contar as aventuras mais fantásticas vividas por este menino, e tinha pesadelos com o inimigo que, em sua imaginação, era em comum.

Ou a pré-adolescente que tinha o quarto coberto com pôsteres e foi assistir pela primeira vez, e com uma excitação enorme, o herói de carne e osso, e que no final acabou vendo o seu primeiro filme legendado. O primeiro representa muito para a cinéfila que sou.

Então a jovem estudante vem à mente. Uma que no meio da puberdade encontrava momentos maravilhosos sentada na cama ou no mesmo sofá, curvada diante de sequencias cada vez mais grossas. Foi provavelmente um dos primeiros livros a ler sozinha. Foi o primeiro de muitas coisas.

E assim aquele sentimento de preparação, de maturidade, foi dissolvido quando a primeira página foi aberta: “este livro é dedicado a sete pessoas: (...) e a você, que ficou com o Harry até o fim”. Estas palavras me fizeram parar. Até o fim. Durante o crescimento as pessoas precisam de apoios, coisas com as quais, independente do momento da vida em que estão, elas podem contar. Mais uma primeira vez para mim.

O texto na folha seguinte trouxe a emoção – ele diz que os amigos, mesmo depois de mortos, permanecem vivos em seus amigos. Outro choque me atingiu: a vida passa, o tempo chega, também para Harry Potter. Também para mim.

Agora, separada do fim por apenas 7 capítulos, fui tomada por esta inquietação antes de dormir. Por um lado lembrei dos rostos que me reprimiram quando souberam o que estava lendo, e, por outro, do quão bem me faz sentir. Eu tinha esquecido, estava perdido em minha rotina o quão incrível é poder sentir-se criança novamente, participar das aventuras, torcer, morder os lábios nas cenas de tensão, e sorrir como se algum segredo me tivesse sido confiado. Enfim, ter um parâmetro, olhar para o primeiro livro e analisar até onde cheguei, tudo o que houve no meio desses 13 anos.

Então eu sei o que é crescer: é buscar o antigo você na memória, plantá-lo ao seu lado e compará-lo com o de hoje. É ser capaz de distinguir onde acertou e onde falhou, é aprender a se desculpar e a não repetir os mesmos erros, é aceitar quem você se tornou e ter coragem para mudar, é conseguir conquistar o mesmo que um de seus heróis: ter amigos para sempre, porque são eles que vão estar ao seu lado.

Mas o mais importante é manter em mente que eu não seria a mesma pessoa se não tivesse passado por aquela juventude. Não teria tomado as mesmas decisões, não estaria onde estou hoje. O agradecimento então vem - de poder fazer parte de tudo isto, de ter aprendido, me divertido, e crescido ao lado desses livros.

E agora o adeus implicado com o final das páginas me parece fora de lugar, dramático, e não serve. Fica apenas um ‘até logo’, um ‘te vejo depois’, porque ainda há filmes para ver, um parque para visitar, novas experiências a viver, outros pontos de vista para interpretar, e filhos para ouvir.

Porque afinal de contas, o primeiro de tantas coisas e o mesmo de tantos anos é como um amigo: depois de tanto tempo juntos na jornada, não importa a distância ou a temporada sem contato - um dia eu vou abrir aquele livro e lembrar de tudo, porque ele fez parte da minha infância, e por isso faz parte de mim - até o fim.


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TopTen - Daddy

Posted by MissBruno on 17:39
10 músicas escritas para o pai:

1 - Sometimes You Can't Make It On Your Own - U2




2 - Live Before You Die - Bon Jovi




3 - Pai - Fábio Júnior




4 - Papa Don't Preach - Madonna




5 - Because Of You - Kelly Clarkson




6 - Best Day - Taylor Swift




7 - Dance With My Father - Celine Dion (versão)




8 - My Innocence - Lindsay Lohan




9 - I'm Ok - Christina Aguilera



10 - Perfect - Simple Plan




#Extra
11 - Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo - Roberto Carlos


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#VídeoDoDia

Posted by MissBruno on 16:56

http://www.youtube.com/watch?v=FOsr5DGJdTA


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Um Mississipi

Posted by MissBruno on 04:34
Tratando de um assunto polêmico como a adoção de adolescentes, o filme The Blind Side é delicado, assustador, e real

Baseado na história real de Michael Oher, atual jogador do Baltimore Ravens, o filme Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009) traz um elenco brilhante, com Kathy Bates, Tim McGraw, Quinton Aaron, e Sandra Bullock - que levou o Oscar de Melhor Atriz no último domingo (07/03).

O jovem Big Mike, como é apelidado, tem quase 18 anos e vive na rua há tantos outros. Com o pai desaparecido desde seu nascimento e uma mãe viciada em crack, Michael não teve muita escolaridade, e dorme de favor na casa de um conhecido.

Apesar de seu background – e de seu tamanho -, ele tem um coração bom, puro e inocente. Em visita a uma escola católica de um condado branco e burguês dos Estados Unidos, Mike consegue uma vaga como promessa de sucesso no futebol americano. Sua posição seria como left tacle, protegendo o lado cego (em inglês, blind side) do quarterback, o jogador principal.

Não podendo mais ficar na casa onde antes dormia, Michael passa as noites na academia do colégio, e tem consigo – além da roupa no corpo - apenas uma sacola com uma camiseta extra. Com dificuldade para acompanhar a classe, Mike chama a atenção dos professores, que passam pelo dilema de empenhar-se para ajudar, ou não.

Saindo de um jogo da escola, a família Tuohy, dona de 85 lojas de redes de fast food, vê o garoto na rua e resolve levá-lo para casa. Conforme se conhecem, vão criando laços, e passam a mudar as vidas uns dos outros. Adotado legalmente, com investimentos em seus estudos, moradia, alimento, e treinos de futebol, Michael consegue bolsas de estudo em praticamente todas as faculdades do país.

Com vários socos no estômago, o filme de John Lee Hancock assusta pelo passado de Mike nos subúrbios, e todo o esforço que fez para chegar onde está. O exemplo da família Tuohy inspira, mostrando que – como no futebol americano - nós podemos fazer a diferença na vida dos outros, protegendo-os e dando abertura para que eles obtenham sucesso. Para isso, basta tomar iniciativa.

Um Mississipi.

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Desenvolvimento Sustentável - Uma Antiga Novidade

Posted by MissBruno on 16:43
Antes se falava em ecologia, e hoje se luta pelo desenvolvimento sustentável. Este novo termo, apesar de tratar de uma preocupação antiga, tem como objetivo unir o desenvolvimento da humanidade e a sustentabilidade dos recursos naturais do planeta. Depois de décadas tratando o meio ambiente como fonte inesgotável, é difícil mudar drasticamente o comportamento, embora seja necessário. O aquecimento global, os buracos na camada de ozônio, o desmatamento, e a diminuição das reservas de água potável poderiam ter sido evitados ou, pelo menos, atenuados por iniciativas dessas.

Desde a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em Estocolmo (Suécia, 1972) a raiz dos problemas ambientais ficou exposta, apontando falhas na educação, inclusão social, saúde, desigualdade, pobreza, crescimento populacional e consumismo. É uma exploração desenfreada de recursos. As Conferências em Estocolmo e no Rio de Janeiro (ECO-92) - onde a Agenda 21 foi assinada por aproximadamente 170 países - e o Protocolo de Kyoto (1997) já alertavam das causas e consequencias do mau uso dos recursos naturais que vemos e vivemos atualmente.

Hoje, quase 40 anos depois, ainda se discutem formas de conscientizar a população sobre os problemas globais. Então as escolas, ONGs e projetos entram em cena fazendo palestras, feiras e atividades para educar crianças e adultos. Um exemplo é a FIBoPS (Feira Internacional para as Boas Práticas Socioambientais) que este ano terá sua segunda edição e apresentará diversas palestras e seminários.

Para Marilena Lavorato, diretora do Instituto Mais, realizador da Feira, o problema ambiental será resolvido com mudanças de comportamento e no uso da tecnologia. “Você tem que mudar seus hábitos, tem que ter inovações tecnológicas, e tem que ter incentivo nessa direção. Uma demanda por qualidade de vida, ou por produtos que não coloquem em risco essa qualidade de vida, vai ser essencial”. Além disso, Marilena diz que falar o óbvio é muito difícil, que a evolução é demorada, e que palestras são importantes para acelerar o tempo de migração para o modelo sustentável.

Laureano Silveira, no livro Desenvolvimento Humano e Desenvolvimento Sustentável: O Papel da Escola no Século XXI (de 2005), dá à escola “a enorme responsabilidade de conduzir a humanidade para um estádio de conscientização que a proteja das irracionalidades locais e globais”. Marta Campos, coordenadora geral da área de comunicação e apoio pedagógico do Ensino Fundamental da Escola Viva, trabalha com educação socioambiental, garantindo que as crianças aprendam desde cedo - e diariamente - a importância da sustentabilidade.“Vira rotina, vira parte, se apropriar do valor e exercer esse valor na prática, esse é o fundamental.”

Além da FIBoPS, que é gratuita e acontecerá nos dias 1 a 4 de setembro no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, e da Escola Viva, há inúmeros projetos e encontros no Brasil. As abordagens são diversas: algumas usam palestras e educação, como o Criança Ecológica, em São Paulo; e os Embaixadores do Meio Ambiente, no Guarujá. Outras iniciativas utilizam novas técnicas e tecnologias, como o site clickarvore, espaço onde você pode "plantar" uma árvore por dia; o Prêmio EcoPET, na área de reciclagem de materiais; e a academia ecológica ECO FIT, em São Paulo.

Apesar dos esforços, o conceito de desenvolvimento sustentável ainda não atingiu a expansão necessária para garantir uma longa e saudável vida para as próximas gerações. Mas, como disse a antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978), “nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos comprometidos e preocupados pode mudar o mundo. Na verdade, ele é o único que alguma vez já conseguiu."

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He's just NOT that into you...

Posted by MissBruno on 06:29
Ele Não Está Tão a Fim de Você, do diretor Ken Kwapis (de Guerra dos Sexos, Quatro Amigas e um Jeans Viajante e Licença para Casar), traz uma teia de relacionamentos dos mais variados, mas sempre com o mesmo intuito: decifrar o outro sexo.

Baseado no livro de Greg Behrendt e Liz Tuccillo, o filme tem um elenco estrelado: Ben Affleck (no papel de Neil), Jennifer Aniston (Beth), Drew Barrimore (Mary), Jennifer Connely (Janine), Scarlett Johansson (Anna), Justin Long (Alex), Kevin Connolly (Connor), Brad Cooper (Ben), Ginnifer Goodwin (Gigi) e Kris Kristofferson (Ken Murphy).

Neil está com Beth há 7 anos mas não acredita no casamento, e é amigo de Ben, que está casado com Janine há anos e passam por uma fase de "seca". Janine é amiga de Beth e de Gigi, uma solteira desesperada que sai com Connor, que é amigo de Alex, que tem vínculo de trabalho com Mary sem saber e é obcecado por Anna, que conhece e se apaixona por Ben.

Beth vê todas as suas irmãs casadas - menos ela, e resolve, apesar de ser feliz com Neil, dar-lhe um ultimato: ou casam ou acabou. Eles se separam. É só quando o pai de Beth, Ken, passa mal e fica em casa que ela percebe que casados ou não, o que importa é a felicidade.

Janine e Ben tem um casamento de dar dó, claramente amigos em vez de amantes, e Ben começa a ter um caso com Anna, uma aspirante a cantora que ele havia prometido ajudar. Por fim, Mary passa mais ou menos pelos mesmos problemas que Gigi, só que menos desesperada. O grande obstáculo é a rede pois, segundo ela, antigamente você levava um fora pela secretária eletrônica, agora, você tem o e-mail, celular, telefone de casa, MySpace e outros, é cansativo.

A personagem que mais toma conta do filme e que mais leva o nome dele é Gigi, que sempre cai na lábia dos homens com quem sai e fica sofrendo depois. Quando ela sai com Connor e ele não liga, Gigi resolve aparecer "casualmente" no bar em que ele fica depois do trabalho. Quando Alex, dono do bar, diz que ele não está, ela conta toda a história e ele passa a ser seu guru de encontros, dizendo quais caras querem ou não sair de novo e apresentando a ela (e a todos nós) a dura verdade: se um cara não te liga, é porque ele não quer te ligar. Se ele quiser sair com você, ele vai dar um jeito. Sem dramas.

Seja como for, se ele não te liga, se ele não casa com você, se ela não dorme com você...

He/She 's Just Not That Into You.

Site oficial: http://www.hesjustnotthatintoyoumovie.com/

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